A história da cirurgia ortognática evoluiu com a história da humanidade. Houve um tempo em que as faces eram retratadas sem imperfeições, de forma idealizada pelos artistas. Foi com o renascimento, movimento artístico, cultural e científico do século XV, que as faces passaram a ser retratadas segundo a natureza, por artistas famosos como Leonardo Da Vinci e Raphael.
Independente disso, nos tempos antigos toda cirurgia que pudesse ser evitada antes do surgimento da anestesia geral e dos protocolos de biossegurança eram, já que o risco de morte por infecção era grande e muitas vezes os procedimentos eram insuportáveis. Mesmo as primeiras cirurgias a serem feitas na face, quando a medicina iniciou a evolução, eram remoção de tumores e tratamentos de traumas de face muitas vezes causados pela guerra e desfiguração por armas de fogo. As técnicas cirúrgicas propriamente ditas com a finalidade de tratamento de deformidades dento-faciais passaram a ser desenvolvidas a partir dessas primeiras situações de necessidades e os primeiros cirurgiões a cogitarem esses tipos de tratamentos “eletivos” estavam nos EUA e Europa.
Somente no século XIX, mais precisamente em 1848, ano em que se data a primeira cirurgia de mandíbula realizada por Hullien, é que se iniciou o uso da cirurgia para tratamento eficaz das deformidades dento-faciais. Além disso, com o desenvolvimento da ortodontia, Angle foi o primeiro a relatar que nem toda deformidade dento-facial seria passível de ser resolvida apenas com ortodontia. Passou-se a sugerir, portanto, osteotomias para corrigir o prognatismo e retrognatismo.
Com o tempo, outros cirurgiões, o mais proeminente deles René Le Fort, propuseram trabalhos nos quais se estudava os locais adequados para osteotomias no terço médio da face baseado nas áreas de maior fragilidade e reforço da face, e por fim as técnicas para osteotomias de maxila e mandíbula foram refinadas ao longo do tempo pela escola alemã e pela segunda guerra mundial que permitiu grande avanço tecnológico na ortodontia também.
Durante os anos 50 as osteotomias de mandíbula, em especial a osteotomia sagital do ramo mandibular, tiveram desenvolvimento por Trauner e Obwergeser.
Somente nos anos 60 e 70 a osteotomia total de maxila foi proposta por Bell permitindo a realização de cirurgias bimaxilares. Bell é considerado pai das cirurgias combinadas, pois foi capaz de reunir os fundamentos biológicos, estéticos, clínicos e biomecânicos, por meio dos quais passaria ser possível corrigir deformidades maiores com objetivos funcionais, estéticos e de estabilidade, difíceis de serem atingidos em cirurgias de um arco só.
Com início da década de 80 iniciou-se uma maior preocupação com o refinamento das técnicas cirúrgicas já desenvolvidas e até hoje são estudados e desenvolvidos instrumentais mais eficazes, protocolos medicamentosos pré, trans e pós operatórios mais específicos a fim de minimizar o desconforto e facilitar a cirurgia, softwares de planejamento virtual e confecção de guias cirúrgicos a fim de aumentar a previsibilidade, diminuir o tempo cirúrgico, minimizar o trauma aos tecidos e possibilitar o retorno do paciente as atividades o mais rápido possível.
A cirurgia ortognática é hoje aceita como uma realidade, o uso da tecnologia sem dúvidas permitirá cada vez mais a solução para as deformidades dento-faciais com facilidade e eficiência e pessoas adultas com deformidades dento-esqueléticas que não conseguem ser tratadas com bons resultados somente com a ortodontia podem se beneficiar de procedimentos cada vez mais suportáveis. O século XXI inclusive vem sendo marcado pela aplicação dos conceitos minimamente invasivos, que preconizam cortes menores, descolamento da gengiva apenas o necessário, osteotomias com pontas ultrassônicas, uso de guias cirúrgicos de corte e posicionamento que transfiram o planejamento virtual para o momento cirúrgico, fixação óssea com placas e parafusos de tamanho adequado, finalização da cirurgia com a abertura e fechamento bucal mantido, falando, se alimentando com dieta líquida por um período menor de tempo, com menos edema e menos parestesia. Tudo isso com o objetivo de retornar o quanto antes às funções do dia-a-dia carregando o benefício dos bons e estáveis resultados funcionais, estéticos.
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Dra. Fernanda Schimidt
CROPR: 28 694
Cirurgiã Bucomaxilofacial
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